Zen

Estudar o caminho de buda
É estudar a si mesmo
Estudar a Si mesmo
É esquecer-se de Si mesmo
Esquecer-se de Si mesmo
É estar iluminado por todas as coisas
Estar iluminado por todas as coisas
É libertar seu próprio corpo e mente
e o corpo e mente dos outros...


Mestre Dogen

Quando Alguém Pergunta, " Qual o Caminho ? " O Zen Responde Simplesmente Caminhe...


mensagem do petrô

texto sobre Ivan Petrovitch

UM "HAIJIN"

Como dizia Cézanne, "a sensibilidade caracteriza o indivíduo e,no seu grau mais elevado,distingue o artista."

Ivan Petrovitch é um verdadeiro artista,que vê as coisas e acontecimentos com olhos amanhecentes,às vezes de criança.

O mundo que as pessoas percebem,no cotidiano apressado,possui outras faces,inéditas,que os haicais de

Ivan captam,em "insights" criativos.

Dois exemplos:

incêndio na mata

galhos secos e retorcidos

ferem os olhos de Deus

são tantas estrelas

neste universo sem fim

cadê minha mãe ?

Impossível não perceber nestes poemas concisos a transcendente iluminação poética(principalmente no se-

gundo,já que se refere a estrelas...)

CLÁUDIO FELDMAN - autor de mais de 47 livros, professor e poeta.

lua

lua

caqui

caqui

chuva

chuva

borboleta

borboleta

8 de jul. de 2008

TEORIA DA LINGUAGEM POETICA

A subjetividade não basta.

Há aqueles que argumentam contra a teoria da subjetividade poética, aludindo a textos que tratam da realidade objetiva e mantêm o caráter lírico. Quando Gonçalves Dias refere-se à sociedade indígena ou Jorge de Lima evoca aspectos da cultura popular nordestina, eles não estão exprimindo a sua vida interior e, no entanto, realizam versos de esplêndida força e sensibilidade. Estes exemplos, contudo, podem ser contestados porque se referem a mundos objetivos que ficam impregnados pela subjetividade do escritor. Isto é, são realidades objetivas que apenas se tornam poéticas quando particularizadas, interiorizadas e recriadas pelo eu-lírico. A falha na teoria da “subjetivização” como elemento estruturador do gênero não reside em que alguém faça versos sobre temas aparentemente impessoais, a falha nessa teoria é de outra ordem. Milhares de manifestações subjetivas (e emocionais) ocorrem a todo o momento, na vida das pessoas, e não se configuram como literatura. Além disso, explosões de interioridade surgem em outros gêneros – em especial no romance, no teatro e na crônica do século XX –, dificultando a sua utilização teórica. Por conseguinte, mais uma vez somos obrigados a voltar à questão da linguagem específica da arte literária. A linguagem opaca da poesia O que diferencia um poema de um desabafo íntimo (ambos portadores de subjetividade) é a sua articulação verbal. É o esforço estético que preside o processo de seleção e ordenação das palavras. É o esmero formal que faz com que um texto sobressaia-se sobre uma profusão de outros e, assim, permaneça no tempo. Ressalte-se que nenhum outro gênero tem tamanha dependência da linguagem quanto o lírico. Por sua concentração semântica, por seu ritmo e musicalidade, pela procura dos efeitos sugestivos e simbólicos das palavras, pela fuga de tudo aquilo que represente lugar-comum ou obviedade lingüística, pela tentativa de criação de uma unidade de efeito, onde deve prevalecer a impressão de beleza e harmonia, a lírica obrigatoriamente transforma a linguagem na sua própria essência. Daí que a linguagem de um poema seja sempre “palpável”, opaca e insubstituível. No romance, pode acontecer o contrário. Durante décadas, os brasileiros só conseguiram ler os russos de primeira grandeza, Tolstoi e Dostoiévski, em traduções feitas do francês. Isso não impediu que a vitalidade dramática de suas obras deixasse de ser fruída por um expressivo conjunto de leitores. Mesmo chegando em terceira mão, os romancistas russos atingiram nossos corações, espantando-nos poderosamente com suas revelações acerca da vida e dos homens. Esta experiência, infelizmente, não é comum na poesia. A precisão vocabular, a sonoridade, a disposição das palavras nos versos, a sua possibilidade expressiva, enfim, encontra-se de tal modo conectada aos recursos de cada idioma que torna quase impossível a sua tradução. Veja-se o caso do ritmo: ele depende da prosódia que é variável de língua a língua. Numa tradução, tende a desaparecer. A magia das imagens Ao tentar definir a linguagem da lírica, o poeta Ezra Pound considera além da questão rítmica e do emprego exclusivo de palavras indispensáveis, o valor visual e emotivo das imagens. Se voltarmos ao soneto de Bilac, perceberemos os efeitos plásticos alcançados pela associação das estações com imagens específicas de cada uma. A primavera com flores, ninhos e o sol de outubro dourando a areia. O verão com o mar. O outono com o desfolhar dos roseirais. Em cada uma dessas estações, o amor é quase uma decorrência da natureza. Como resistir ao desejo, debaixo desse sol de outubro, ou sozinhos à beira-mar, ou vendo as roseiras perdendo as roupas, isto é, as folhas? As próprias imagens incitam ao pecado. Já o inverno – sem nenhuma referência concreta – funciona como antítese silenciosa, porque o seu frio gélido não impede que a carne de Branca arda no fogo vulcânico da paixão. Assim, intensificada pela magia das imagens, a linguagem poética cumpre sua função, suscitando nos leitores um estado de receptividade e encantamento. Além disso, a linguagem poética só realiza a sua função de “poesia pura” – na fórmula de Paul Valéry – quando apresenta “uma maneira inesperada de dizer as coisas”. Com efeito, basta lembrarmos de certos versos e concordaremos com o poeta francês. Em Tereza, Manuel Bandeira assinala a trajetória do conhecimento à paixão com surpreendentes imagens que começam com a estupidez das pernas da moça e terminam com uma espécie de convulsão apocalíptica, como se o amor tivesse um caráter surreal.

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