Decantações Semânticas
Esse Zugzwang traz poemas consagrados Vir-a-ser: “conviver com incertezas/ Desconfiar, desconfiar, desconfiar”, Estação Paraíso; “Esta noite não será uma noite qualquer/ Haverá uma nova estrela no céu...”, tentativa; “mal sabiam eles/ todo tempo/ é um tempo grávido”, entre outros. Um livro sempiterno que se redefine e se aprimora a cada nova edição, organizando-se ao longo de toda uma vida, prática que cruza as fronteiras entre subjetividade pessoal e mundo objetivo, instaurando um diálogo inteligente e maduro.
Ivan Petrovitch, à revelia das grandes editoras, consegue se impor e atravessar incólume as inúmeras tendências e modismos. Sua poesia elege questões fundamentais: Deus, Amor, Vida, Morte. Daí sua atualidade. Vinte e oito mil livros vendidos em confraternização direta com o leitor, verdadeira façanha!
O que há de admirável no poeta teólogo (quatro anos num seminário), além do questionamento íntimo e fé inabalável, é uma espécie de exegese do sentimento do mundo “é sem querer que na vida tornamo-nos especialistas na arte do abandono” ou “tem certos dias-retalhos quando tudo parece amarrar” e ainda “se não bastasse a saudade que tenho de Deus agora é o fim ter saudades de mim”. Uma poesia inconfundível, nuclear, justa, que evoca novos sentidos do ser e do nada numa comunhão perfeita entre saberes opostos.
José de Carvalho
Poeta e Fotógrafo
autor do livro “Destas Águas”
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